Acreditem se quiser, mas este foi um dos únicos livros que viraram filme que eu li antes de ver no cinema - e foi o único que eu li sem imaginar que um dia viraria filme! Foi há uns 8 ou 9 anos atrás (meu deus, como o tempo passa rápido o.O), sugerido pelo então professor de literatura porque o Saramago havia ganho o Nobel. E justamente por isso tenho a impressão que eu não o li até o final.
Se não fosse pelo incentivo do ingresso a dois reais, talvez eu não teria visto o filme. É que existem umas passagens muito fortes, um clima bem pesado mesmo, que não condiz com os motivos que me levam a ir ao cinema. Tanto que, escolhendo o lugar para me sentar, quis ficar mais longe da tela pra ela parecer menor - em uma tentativa super frustrada de não entrar na trama.
Vou tentar escrever o mínimo de spoilers neste post, mas já alerto que talvez eu não consiga me conter o suficiente, hehe.
Uma cegueira branca altamente contagiosa e incurável, que se espalha a uma velocidade absurda pela cidade, desencadeia diferentes reações nas pessoas (e logo na sociedade como um todo) e suas devidas conseqüências. A história é uma senhora reflexão sobre como a ausência deste sentido pode mudar tanta coisa, inclusive o caráter, os sentimentos e o mundo de alguém.
Até onde eu me lembre, tá tudo igualzinho do livro. Desde detalhes de como a epidemia começa até diálogos e descrições. Amaciaram um pouco certas cenas, mas elas não perderam o seu objetivo e nem a carga emotiva necessária.
Vale lembrar que o livro e/ou o filme não tem nada a ver com o que maluquinho da Federação Nacional dos Cegos disse; que o filme generalizou os cegos, que todos não prestam e não passam de um bando de violentos, perdidos e tarados. A questão do filme é como as pessoas que nunca foram cegas agem diante de um determinado contexto. E, como sabiamente disse Saramago, o cara não sacou a idéia porque não viu o filme (ráááá!).
Eu tinha um baita trauma de olhar pra cara da Julianne Moore desde que eu vi Os Esquecidos (quem viu sabe que o filme é ruim o suficiente para um trauma), e graças a deus ela não decepciona em Ensaio. Danny Glover (que eu demorei pra reconhecer), Alice Braga e principalmente Gael García Bernal (que eu já tinha me simpatizado em Diários de Motocicleta) estão ótimos também. O médico lá ficou meio apagado, mas acho que foi por causa do personagem.
O visual do filme é um show à parte, sempre remetendo à condição das personagens. Um jogo de imagens e efeitos muito interessante. Este quesito também foi muito bem desenvolvido no material de divulgação como o site e os pôsteres.
Para terminar esta seqüência de elogios, foi muito legal ver como cenário um lugar conhecido. E não poderiam ter escolhido lugar melhor para retratar a mudança que a cidade sofreu por causa da cegueira, hehehe.
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1 comments:
Regra número um para ler posts da Mayumi relacionados à análise de filmes: vá assistí-los primeiro. Eu acabo de chegar do cinema, hehehehehe.
Eu, por causa dos fóruns que frequento, passei a odiar o termo "ownada", mas essa do Saramago foi muito bem colocada. O carinha nem viu o que o acertou ^^
A Julianne Moore é chamada de "atriz de mil caras" ou "atriz metamórfica", algo assim, porque ela se encaixa bem em qualquer papel. Ela é quase como uma Jodie Foster - aliás, ela até a substituiu na sequencia de "O Silêncio dos Inocentes" interpretando a mesma personagem(!).
Quanto a idéia central do filme, eu teria até muito o que falar, mas 3 coisas se destacam.
1 - "Em terra de cego, quem tem um olho é rei" ganhou um novo e mais profundo significado.
2 - A idéia de sobrevivência > moral já fora explorada em outros filmes, como "Vivos", igualmente impactante
E por último, mas não menos importante
3 - Ô CAPCOM! DEMITE ESSA CAMBADA DE NOOB E CHAMA O MEIRELLES!!! Sério, o filme é mais Resident Evil do que o próprio filme do Resident Evil! Hahahaha!
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