Chavões-mala de reportagem

Não importa qual o telejornal que você assiste: você vai encontrar pelo menos um chavão-mala na edição do dia. Nada contra eles quererem complementar a notícia, querendo dar mais credibilidade à ela. O problema é quando a coisa se torna banal, sem sentido, estando ali apenas por estar.

Se for pra colocar só pra enfeitar ou pra aumentar o tempo, é melhor não colocar nada, caspita!

Profissionais-donos-da-verdade: deve ser formado pela USP (ou UNIFESP se for um médico), onde trabalha e qual a sua especialização são meros detalhes. Não importa se a psicóloga mal sabe do que se trata a notícia, muito menos se conversou com alguém envolvido, mas mesmo assim ela tem que dar o seu parecer sobre a possível psicose, depressão ou esquizofrenia que o criminoso venha a ter. Não importa o quanto o médico tenha falado sobre uma determinada doença porque o seu discurso com certeza será picotado e mais da metade daquilo tudo será jogado fora. E claro, só dá entrevista o advogado que estiver mais certo. O problema é só definir qual.

Simulações-joinha em 3D: sinto muitas saudades da época que usavam ilustrações como simulações de crimes, porque pelo menos eram feitas com mais esmero. Mas modelagem em 3D tá em alta, minha gente, até a Disney sabe disso. Puxa, mas o estagiário não sabe mexer no programa e não temos tempo. Tudo bem, usa esses bonecos que já estão prontos, coloca umas fotos tratadas e manda polígono no resto do cenário. Noções de animação, pra quê? Coloca um efeitinho quando o tiro for desparado e tá tudo certo.

Números medonhamente arredondados: dependendo da conveniência, para cima ou para baixo, mas geralmente para cima porque é mais impactante. Afinal falar que uma menina teve 22% do corpo queimado é pouco, vamos falar que foram 30% logo.

Entrevistas alatórias: gente que só quer aparecer, que só fala merda, não acrescenta nada, não tem opinão própria e parece não pertencer a esse planeta. De gente burra a gente sabe que esse mundo tá cheio, não precisa colocar as amebas pra falar em rede nacional. E por favor, parem de querer entrevistar a mãe do cara que era drogado, tinha passagem na polícia por estupro e foi morto com 30 tiros na cachola. Além de ser um desrespeito à dor alheia (afinal, apesar dos pesares, estamos falando de uma mãe que perdeu um filho), ela vai falar pra quem quiser ouvir que o seu filhote era um docinho de coco e que nunca desconfiou de nada.

Matérias inúteis para descontrair: Depois de tanta morte, trânsito, desastres naturais e políticos corruptos, nada melhor que uma receita de pavê de abacaxi para alegrar o seu dia.

1 comments:

Raphael disse...

Perfeito, Miyu!

Por isso que eu sempre digo: Tv só serve pra duas coisas. Ver DVDs e jogar videogames.

Abraço e pinta no meu blog de vez em quando